TECNICAS DE PESCA SUB PARTE 3

OBSERVAÇÃO DE FUNDOS E TOCAS
 
Exploração Pelo Fundo 
 
As águas costeiras brasileiras, em condições excepcionais de transparência, incluindo as ilhas continentais mais afastadas não permitem uma visão vertical superior a 17/18 metros. Uma visibilidade superior aos 20 metros somente é possível nas ilhas oceânicas. Sabemos que, quando a água apresenta visibilidade de 10 metros, em nossa costeira, estamos em excelentes condições. Vale a pena lembrar que, dependendo da posição do sol, e principalmente pela maior densidade de pequenas partículas em suspensão que permanecem na camada superior da água, a visibilidade horizontal no fundo é superior a vertical na superfície.
Uma boa prática é explorar o fundo mergulhando a meia água (7/8 metros), o que permite observar mais apuradamente setor por setor. Ao avistar algo de interesse no fundo, o caçador pode retornar a superfície para preparar outro mergulho, ou, se estiver em plena apnéia, descer até o fundo. Próximo às pedras é comum a formação de espuma branca, resultante do batimento da água de encontro às pedras o que prejudica sobremaneira a visão subaquática que, somando-se às partículas em suspensão bloqueia totalmente a visibilidade do mergulhador.

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Exploração das Tocas
 
Como sabemos, os peixes territoriais habitam as tocas tais como: Garoupas, Badejos, Sargos etc. A titulo de esclarecimento devemos lembrar que, quando o caçador perscrutar o fundo rochoso e conseguir, por exemplo, ver dentro da toca: cinco Sargos, três Badejos e uma Garoupa, pode estar seguro que, longe de seu alcance visual, porém nas proximidades ocultam ao menos quinze Sargos, dez Badejos e três ou quatro Garoupas. Isto significa que a exploração das tocas pelo caçador é muito mais rendosa do que a simples observação pela superfície e eventual mergulho quando ocorrer algum avistamento.
É importante para o caçador saber distinguir entre uma toca que o peixe utiliza como refúgio temporário e aquela que usa como morada fixa. A primeira usada é de estrutura mais simples, vulnerável e facilmente acessível, já as tocas que são utilizadas como moradia fixa, ao contrario da primeira, são extremamente complexas, com subdivisões internas, formando diversos compartimentos normalmente escuros, oferecendo um refúgio perfeito.
Sua entrada normalmente é na base da rocha seguindo-se um corredor que dá acesso a uma câmara maior onde o peixe normalmente se refugia na parte de cima. Quando a toca é ampla mas de pouca profundidade, o caçador poderá rapidamente explorar seu interior e descobrir se tem alguma coisa de seu interesse. A observação das partes altas da rocha é importante, pois a garoupa, por exemplo poderá estar imóvel junto à parede, colada lateralmente na parte de cima, confiando em seu mimetismo.
Uma toca que se apresenta com maior profundidade torna-se necessário penetrar com o corpo o mais possível: o caçador deve ter em mente que a penetração na toca deve ser no máximo até a linha dos pés, inicialmente pode parecer um tanto estranho penetrar com o corpo na escuridão da toca despertando um pouco de medo, mas com o tempo o caçador se acostuma a executar a manobra instintivamente.
A movimentação da água, entrando e saindo na toca, a principio, obedece à mesma do fluxo e refluxo das ondas na superfície. Assim, pode ocorrer um movimento da massa d´água “empurrando” o mergulhador para dentro da toca, é importante se ter em mente que o mesmo movimento de “empurrar” terá, em segundos, sua ação em sentido contrário. O caçador deve evitar os parcéis muito rasos onde o mar forma ondas, para se aproximar destes pontos, o caçador deve escolher o lado contrário ao da correnteza.
Levando-se em conta que na água a transmissão das ondas vibratórias e sonoras produzidas pelos movimentos de descida e aproximação são facilmente percebidas pelos peixes, o caçador ao abordar uma toca deve fazê-lo com a manobra da compensação completada e com a lanterna. Ao se aproximar da entrada da toca deve eleger um dos lados evitando ocupar o espaço central da entrada principal, isto porque visto de dentro da toca a imagem do caçador será projetada como uma grande figura ameaçadora, afugentando os peixes para o fundo ou para locais inatingíveis. No momento da abordagem o caçador deve direcionar o facho de luz para as partes mais altas da toca, com a arma apontada na mesma direção.
Fonte : Caça Submarina – Fundamento e Técnicas 
   
OBSERVAÇÃO PELA SUPERFÍCIE
 
Durante a permanência na superfície, o caçador se desloca acionando as nadadeiras com movimentos suaves, procurando explorar o fundo no alinhamento do fim da pedraria com o inicio do fundo arenoso. A seleção do ponto mais apropriado para ao mergulho e a caça propriamente, fica por conta do desenvolvimento da faculdade instintiva e intuitiva do caçador. A respiração pelo snorkel deve ser tranqüila e regular, com mais experiência e adaptação, o caçador verá que instintivamente sua respiração será mais lenta e mais profunda, para manter sua corrente sanguínea sempre enriquecida de oxigênio. Este é o momento em que o mundo exterior não deve existir, pois sua atenção deverá se concentrar unicamente no ambiente em que se encontra, aprender a se concentrar faz parte do conhecimento necessário para se atingir o sucesso na arte da caça submarina.
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A observação do fundo não deve ser generalizada de forma superficial e sim particularizada, procurando estudar setor por setor, lembrando que quase todos os animais que habitam as pedras se mimetizam, ficando parecidos com algas, pedras, areia enfim, ao ambiente em que se encontram. Com uma exploração lenta e metódica o caçador se habituará a observar bem e se condicionará a ter “olhos para ver”, ou seja, educar seus sentidos para uma perfeita distinção dos organismo aquáticos . 
 
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Antes de se decidir qual direção seguir ao longo da costeira é oportuno que o caçador tenha em mente dois fatores: a direção da corrente e a posição do sol. A corrente deve ser a seu favor, para evitar que seja desperdiçada energia ao se nadar no sentido contrário, o que abreviaria o tempo de apneia e diminui drasticamente o rendimento, o sol deve preferencialmente estar nas costas, não importando a inclinação. No caso da direção da corrente assim não permitir, no momento da virada posicione-se de costas para o sol. É certa a afirmação que a sombra do mergulhador projetada no fundo venha a advertir algumas espécies de peixes de sua presença.
Fontes : Super Sub (Santarelli) / Caça Sub - Fundamentos e Técnicas
 
PESCA SUB EM AGUAS SUJAS
 
A maioria dos caçadores evitam mergulhar em águas turvas dando preferência naturalmente às águas transparentes. A falta de visibilidade funciona como um bloqueio, diminuindo a performance do mergulhador. É evidente que a probabilidade sempre será maior quando a água estiver clara, o peixe é mais abundante, o que facilita sua localização e precisão do tiro. No entanto, nem sempre o mar nos oferece condições ótimas para o desempenho da caça submarina. Assim, podemos no adaptar às adversidades e conseguir bons resultados também em água turva. A principio a água turva impõe três imperativos:
1) Vencer sua própria apreensão
2) Utilizar todas as marcações visuais possíveis
3) Apurar a audição
 
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Como sabemos, as frentes frias originarias na Antártica podem deslocar-se para o oceano quando encontram massas de ar quente bloqueando sua penetração para o continente. Isto resulta quase sempre numa grande movimentação das águas no mar aberto, provocando ondulações que se refletem na costeira e ilhas continentais.
 
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Outro fator de turbidez da água é a presença de desembocadouros de rios nas proximidades do pesqueiro. A água doce é menos densa que a do mar, mais é carregada de partículas que transporta do leito dos rios. Neste caso, pode haver a ocorrência de água clara no fundo, permitindo perfeitamente a prática da caça. Não devemos confundir transparência com luminosidade.
Fontes : Super Sub (Santarelli) / Caça Sub - Fundamentos e Técnicas 
 
PESCA NO AZUL
 
A pescaria realizada no azul apresenta condições bem diferentes das encontradas em pescarias realizadas em ilhas costeiras ou mergulhos próximos da costa, esse é um tipo de pescaria que exige mais preparo físico e psicológico do mergulhador, um erro ou deslize nesses mergulhos podem trazer sérios problemas aos pescadores.
Em pescarias realizadas nos atratores encontramos uma qualidade de água geralmente muito cristalina, que por muitas vezes “enganam” os pescadores, causando um pouco a perda de referência de profundidade e distância dos peixes, muitos se “empolgam” com suas presas e realizam um mergulho de risco, descendo muito além do que imaginam estar na verdade, quando percebem a profundidade que se encontram já é tarde demais, devemos sempre tentar controlar nossos limites, sabendo respeitar eles, nunca devemos colocar a captura de um peixe afronte nossos limites, devemos saber a hora de abdicar a perda da presa, poupando conseqüências mais graves.
 
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Nos atratores ou na pesca no azul iremos encontrar grandes peixes como Barracudas, Cavalas Verdadeiras, Cavalas Aipim, Dourados, Xaréus, Olhos de Boi, Atuns, Albacoras, Marlins entre outras espécies de passagem, todos esses peixes possuem uma grande capacidade de briga, devemos sempre mergulhar com armas de grande porte, arbaletes superiores a 1,10 cm com um ou mais elásticos ou pneumáticas superiores a 1,15 cm, que possibilitem uma melhor condição de tiro, um bom tiro ajudará muito a captura do peixe, a arma deve estar sempre presa a uma bóia na superfície com uma quantidade boa de cabo para se poder trabalhar o peixe, um peixe desse tamanho com certeza tem muita força, sendo quase impossível uma briga somente com a linha existente em seu carretel da arma, que geralmente contém 25/35 metros de corda.
 
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Devemos ter muito cuidado ao se arpoar peixes desse porte, a principal atenção deve ficar em não se enroscar na linha da bóia ou mesmo da carretilha, um “reboque” de um peixe pode levar você a uma profundidade muito grande em pouco segundos, dificultando sua volta à superfície, esses mergulhos não devem ser realizados em hipótese alguma sozinho, sempre se deve mergulhar acompanhado de um parceiro e mais uma embarcação de apoio, um segundo tiro é muito importante, e geralmente sempre necessário também.
 
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Os mergulhos realizados aqui em Salvador nos atratores ficam a uma distância de +/- 17/18 kilometros da costa, chegando nas paredes, onde a profundidade cai de –50m para mais de -150/-300 metros, no inicio da plataforma continental.
Os atratores são constituídos da seguinte forma, é lançada uma “poita” ou ancora (garateia) presa por um cabo até a superfície através de uma ou duas bóias rígidas, entre os –2 m iniciais até os –20/-25 metros são colocadas fitas de PVC branca com espessura de +/- 30 cm por 5/6 metros de comprimento, se mantém uma distância de +/- 1 metros entre cada fita.
Devem ser colocados aproximadamente de 5/6 atratores no mínimo, conseguindo dessa maneira agrupar um número maior de iscas e conseqüentemente seus predadores, os atratores possuem esse nome devido ao fato de servirem de abrigo para pequenos peixes que buscam as fitas como “abrigo”, atraindo dessa maneira os peixes predadores como os mencionados anteriormente, esses ficam rodando em torno dos atratores com a finalidade de abater os peixes menores.
 
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A técnica utilizada para a pesca nos atratores (fitas) é descer perto das fitas e ficar observando a chegada dos peixes predadores, normalmente logo na chegada vemos muitos peixes nas fitas, mas depois de alguns mergulhos os peixes assustados descem abaixo das fitas, ficando em uma profundidade abaixo dos –20/-25 metros, causando uma maior dificuldade e risco ao pescador, com ajuda de engodo (como será explicado abaixo), os peixes costumam subir mais para a superfície para comer as iscas, facilitando um pouco o trabalho do pescador.
 
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Uma coisa que ajuda bastante nessas pescarias é a atualização de engodos (iscas), com esse tipo de “ajuda”, os peixes também costumam ser atraídos pelo brilho e cheiro das iscas, as iscas mais comuns e utilizadas são as sardinhas (bastante oleosas), pititingas, manjubas e xinxaros, existe um método muito eficaz de engodo artificial, os chamados “teasers” que geralmente são construídos com placas de inox, eles refletem os raios solares e emitem um grande brilho, atraindo os peixes de passagem, eles são muito eficazes também, geralmente jogados na proa e popa do barco, deixando a corrente da maré levar o barco sendo acompanhado pelos pescadores, ficam passando entre os atratores, os peixes geralmente são curiosos em vêem em direção a eles, principalmente as barracudas e cavalas que ficam mais na superfície.
Esse tipo de mergulho tem como principal “inimigo” a correnteza, que geralmente são mais fortes em alto mar, quando encontramos essas condições, devemos limitar o número de mergulhadores no mar, um mergulho com muitos pescadores pode ocasionar enroscos de bóias, dificuldade de trabalhar a respiração, dificultando assim a pescaria, por esses motivos, esse tipo de pesca se torna mais seletiva, devendo os pescadores possuir mais experiência, evitando riscos maiores a todos os participantes.
Podemos concluir que esse tipo de mergulho é muito prazeroso quando praticado de forma segura e consciente, nunca abusando dos limites e normas de segurança, como hoje em dia está cada vez mais difícil encontrar peixes perto da costa, somos “obrigados” a buscar locais mais fundos e menos explorados.
 
PESCA SUB NOTURNA
 
Os animais marinhos quer sejam peixes ou invertebrados, têm notadamente mais atividade à noite. Os peixes territoriais, lagostas e polvos, buscam seu alimento à noite para melhor camuflagem de seus predadores. Para se praticar caça sub à noite o local escolhido deve ser visitado durante o dia e as condições de correnteza e transparência da água devem estar favoráveis.
A luz da lua não deve ser considerada pois a lua cheia não é favorável à pescaria, tendo em vista que as marés são mais fortes e o peixe de toca praticamente desaparece. A fase da lua quarto-minguante resulta em pouca variação de maré que, por conseqüência, revolve menos o fundo arenoso, provocando pouca suspensão e favorecendo a visibilidade.
Uma embarcação pequena é ideal para este tipo de caça. Pode ser adaptada uma iluminação principal ligada a uma bateria de automóvel, no ponto previamente escolhido, o bote deve ser fundeado e o farol potente deve ser colocado na água iluminando o fundo, este procedimento é no sentido de fornecer à equipe um referencial durante todo o tempo que durar a pescaria, ao mesmo tempo que serve de atrator para algumas espécies de peixe.
Cada caçador deve portar sua própria lanterna e procurar não se afastar demasiadamente do barco de apoio.
Fontes : Super Sub (Santarelli) / Caça Sub - Fundamentos e Técnicas




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