RESPIRAÇÃO CARPA (APNÉIA)

Com a crescente do mergulho livre, muitos de nós temos observado certos atletas durante as competições, antes de iniciarem uma prova, fazerem umas caretas, com a boca em bico, aos beijinhos para o ar realmente esquisito. 
 
Trata-se da famosa Carpa, também conhecida por Packing em Inglês,técnica que permite aumentar o volume de ar pulmonar de um modo mais pleno, do que com uma simples inspiração máxima.Dois ou três apneístas reivindicam a autoria da invenção desta técnica,mas na realidade foi utilizada pela primeira vez em competição pelo francês Jean Delmarre já há quase dez anos, numa prova de apneia estática.
 
Desde então foi utilizada na generalidade por todos os apneístas, em todas as disciplinas da apnéia. Só uns quantos, embora raros, tais como o Umberto Pelizzari é que se mostraram refractários e continuaram com outras formas de ventilação. Porquê a carpa? Ar, mais ar mais O2 e mais conforto. Esquematicamente, eis duas razões fundamentais porque precisamos de mais ar.
 
A primeira delas, é porque quanto mais ar inspiramos, mais oxigênio temos, e portanto maior será o prolongamento da apnéia interessante em qualquer disciplina, tanto em estática como em peso constante. A segunda é específica, a apnéia em profundidade, pois os volumes de ar em geral e o dos pulmões mais particularmente, a partir de um certo ponto, com a pressão a aumentar, diminuem podendo chegar mesmo a um certo ponto em que se encontram tão reduzidos que a compensação tanto da máscara como dos ouvidos, se torna impossível.
Sim, parece que nós não temos mais ar para tal. A carpa permite atingir-se esse ponto critico uns quantos metros mais abaixo, e em teoria, quanto mais carpas se fizer mais abaixo esse patamar será. Porque estamos nós limitados na quantidade de ar que conseguimos inspirar ?Há vários fatores a considerar :Tamanho dos Pulmões, Caixa Torácica, Extensibilidade Muscular, Mobilidade do Diafragma Qualidade dos Músculos Inspiratórios, Técnica de Respiração Estado de Fatiga. A inspiração é um momento onde estamos ativos.
 
Devemos mobilizarcertos músculos (inspiratórios) para criar uma depressão nos pulmões para que estes se encham de ar. A caixa torácica, os músculos que a rodeiam, assim como vários outros fatores tais como o cansaço ou o stress originam uma força que se opõe ao trabalho dos músculos inspiratórios. Chegando ao que nos parece ser o limite de inspiração, ainda nos resta a carpa, que sem esforço algum permite a entrada a um precioso suplemento de ar nos pulmões ainda com capacidade para tal.Técnica: Não se deve encarar a carpa como uma sucessão de inspirações máximas umas seguidas de outras, mas sim várias " compactagens " depois de uma inspiração máxima.
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É o principio da dupla entrada onde:
1ª entrada é aboca
2ª é a glote.

Depois de uma inspiração máxima 3 fases:
1° Glote fechada boca aberta
2° Boca fechada... glote fechada
3° Glote aberta... boca fechada etc....

Na maior parte dos casos é bastante difícil tomar consciência da posição da glote, e por vezes torna-se complicado por muito simples que pareça, coordenar as três fases. Portanto, o mais simples será de o fazer num primeiro tempo de uma maneira muito mais natural. Quando a nossa boca está fechada, a língua,colada contra o palato ocupa a totalidade da cavidade bocal.
 
Partindo desse principio, cada vez que abrimos a boca e que tornamos a fechá-la,a língua ao substituir o lugar do ar, este só pode ir para a traquéia, e para os pulmões (ou para o esôfago e o estômago se o movimento fora acompanhado por uma deglutição). Automaticamente ao realizar este exercício, por pouco que estejamos relaxados, a glote abre-se e o ar penetra nos pulmões. A sucessão de carpas acabará por aumentar conseqüentemente a quantidade de ar nos pulmões. Como verificar que está a resultar: Só começando a executar as carpas já com os pulmões cheios ao máximo.
 
Ao fim de um certo número de carpas, começa se a ter uma sensação desagradável sentimos uma pressão intra-torácica ao nível do esterno, que vai aumentando com a quantidade de carpas.Erros a evitar. Não começar este exercício dentro de água. Preferir fazê-lo antes fora da água em ambiente calmo. Executar carpas com os pulmões semi-cheios. Neste caso chegamos ao fim da apnéia sem ter ainda sentido qualquer pressão a aumentar ao nível dos pulmões. Executar os carpas muito lentamente.
No final, este exercício deverá ser realizado o mais rapidamente possível porque é tempo precioso retirado à nossa apnéia. Executar carpas e forçar. No inicio os nossos pulmões não estão habituados a esse excesso de ar e portanto não devemos logo do inicio executar as carpas de maneira intensa. Com o tempo e com treino, os pulmões com maior elasticidade já mostram uma maior tolerância. Impacto sobre o organismo.
 
O recordista belga Frédéric Buyle foi um dos primeiros a participar em protocolos de pesquisa sobre os efeitos da apnéia profunda no organismo.
A técnica da carpa foi estudada e foi mostrado que levada ao seu extremo, pode ter conseqüências secundárias nocivas eis as principais: Extensão dos alvéolos pulmonares com risco de lesões mais ou menos graves, a mais impressionante dentre elas, sendo o pneumotórax. Compressão do coração entre os dois pulmões tornando difícil o seu desempenho. Aumento anormal da pressão arterial, com risco de lesões ao nível do sistema circulatório embolia cerebral.
Comece com 5 carpas, e depois de alguns meses de prática, vá aumentando um pouco. Não se esqueça de praticar este exercício com moderação. Carpa e treinos. Podemos imaginar duas filosofias. A primeira consiste em treinar com condições ótimas ( meteorologia, material, estado psicológico etc). Neste caso, o objetivo será de ter um máximo de boas sensações durante as apnéias nos treinos. Apnéia STRESS LESS.
O frio, a escuridão e a pressão hidrostática são fatores que podem proporcionar stress e que muitas vezes fazem estagnar um indivíduo na sua progressão. Contra o fator "pressão", existe a carpa, e muitos começarão a executá-la muito cedo no seu programa de treinos. Pode ser uma boa táctica pois o atleta sai confiante em um treino deste tipo, e sempre com vontade de voltar a treinar o que o levara sem duvida a progredir. A segunda filosofia optará por condições de treino difíceis.
 
A justificação é que treinando assim endurece-se a mente, e que ficamos psicologicamente mais fortes interessante visto o lugar que ocupa este fator em mergulho livre. Neste caso, o apneista chegará bastante cedo ao seu limite de compensação, mas terá vários meses pela frente para melhorar antes de utilizar o seu trunfo: a carpa. Se adicionarmos a isso um fato liso, uma lastragem adequada, e boas condições em geral,teremos no final um mergulhador com uma grande margem de progressão.
Esta opção requer uma grande motivação, mas tem oferecido excelentes resultados.
 
Conclusão
A carpa é sem dúvida uma grande ajuda para quem quer ir mais fundo, mas não devemos esquecer que muitos pontos deverão ser respeitados em prioridade. A segurança com a pratica em grupo, o treino assíduo, e a humildade são elementos que nos farão progredir em segurança. 
 
Fonte: Internet

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